Já há muito tempo que aqui não vinha. Umas vezes por desleixo, outras por falta de assunto, e ainda outras por julgar inútil. Por vezes esqueço-me da minha melhor terapia, escrever tudo o que vai na minha alma, e sofro em silêncio.
Sexta trouxe boas e más noticias. De manhã tive o desgosto de ver uma das pessoas mais importantes na minha vida banhada em lágrimas, e eu sem nada em que pudesse ajudar. Ela não queria desabafar, eu respeitei, mas não deixei de sofrer por isso. Ainda estou preocupada, mas não quero forçar ninguém a fazer algo que não quer. Assim retraio a minha curiosidade e calo-me.
À noite recebi uma óptima notícia. Outra das pessoas mais importantes na minha vida está simplesmente radiante. Acaba de ficar "comprometida" e felicidade é uma palavra demasiado genérica para o seu estado de graça. Fiquei feliz, mas apenas por momentos.
Há alturas na vida em que a felicidade dos outros apenas nos mostra a nossa infelicidade, apenas nos faz ver aquilo que somos na realidade. Sexta à noite foi assim. Chorei, irritei-me com o mundo, e recompus-me. De nada vale ficar à espera da sorte grande, de nada vale ter fé no destino, se não aproveitamos o momento. E quando consegui voltar a pensar assim, a paz retornou ao meu espírito.
Talvez seja a neve da serra, ou o frio do meu quarto, mas eu tenho uma fogueira apagada dentro de mim. Confesso que me sinto só mesmo quando estou acompanhada. Vergonha? Já a perdi à muito...
E no fim, o que resta? A realidade. Essa sim é cruel, não a vida.