Sábado, 04.06.11

Escrever

Já houve um tempo em que pensei que sabia escrever, ou seja, que tinha uma boa escrita, boas metáforas e figuras de estilo, que tinha um bocadinho desse dom. Depois percebi que estava redondamente enganada. Escrevo como penso e como falo, sem grandes complicações e rodeios, escrevo de uma maneira que se pode chamar simples, ou então, verdadeiramente abandalhada. Mas ainda vou escrevendo, pouco, mas tento recuperar algum ritmo, para não sentir novamente as letras a escaparem-se por entre os dedos, nas voltas da fala, aos trambolhões.

 

Nesse tempo não muito longínquo, mas que sinceramente parece retirado de uma outra vida, escrevi um livro. Um patético livro sobre uma patética história de amor, com um ainda mais patético final feliz. Sim, eu escrevi mais de 200 páginas A4, mas não é por isso que escrevo bem. Agora sei isso, naquela altura foi a minha aventura, o meu refugio. Cheguei até a procurar editoras, esperançosa de que alguém visse em mim o Santo Graal da escrita, e que com esse milagre, pudesse garantir mais um dinheirinho cá para casa. Oh Santa Ingenuidade!

 

Sonhos de uma rapariga adolescente, como ainda o sou. Sonhos, quebrados com todos os "de momento não estamos a aceitar manuscritos", quebrados com alguma pouca sabedoria que fui adquirindo, quebrados pela simples realidade de que eu não escrevo assim tão bem quanto isso.

 

Sim, tenho algumas coisas que saíram verdadeiramente belas, mas são tão poucas que nem os dedos de uma mão enchem. E agora, actualmente, parece que passaram de raras a extintas. Sinto que nem poesia consigo delinear, eu, que muitas vezes pensava em verso.

 

Tudo isto assusta-me, estar assim, adormecida na minha escrita, estagnada. Quase nem me sinto eu, aquela rapariga que durante alguns meses chegava a casa e enfiava-se no computador a escrever, a perseguir um desejo profundo de ser alguém. Não era a fama que me guiava, era mais o reconhecimento. Por isso hoje agradeço nunca ter conseguido ir com a minha avante, não com aquela minha primeira experiência, e prometi voltar um dia a tentar.

 

Aliás, eu comecei a tentar (já que estou numa de contar a história toda, aqui vai...). Comecei e bem, segundo os meus actuais parâmetros, mas encalhei por completo. Não tenho história, só vontade de escrever algo, e assim não dá. Além disso, desejo não me submeter a estigmas e repetições, quero algo que possa verdadeiramente ser real, mas não estou a encontrar um caminho. Talvez um dia a inspiração venha, talvez arranje um tempo e me dedique aquele ficheiro, sempre presente no ambiente de trabalho. Até lá, contento-me por aqui.

publicado por Rita Matias às 23:39 | link do post | comentar

Sexta-feira

As sextas têm sempre uma "aura" diferente. Sente-se que tudo a nossa volta está mais liberto, há menos pessoas na Faculdade, as malas de viagem abundam, e ao fim do dia, os sorrisos de quem retorna a casa espalham-se. As sextas, por norma, são boas. Esta também o foi.

 

No entanto, há sempre excepções, e olhando mais de perto, para aqueles que me rodeiam, esta sexta não teve esse doce trago a fim-de-semana e casa. É o trabalho a moer-nos, a todos, sem excepção, acumulando-se aos restantes problemas da nossa vida, e por vezes, servindo mesmo de escapatória. É este semestre que tem alturas verdadeiramente alucinantes, e já parece tão pequeno, com os exames tão perto, e onde está o tempo para estudar para eles? Olhamos para trás e percebemos que ele existiu, erradamente tratado como férias numa estúpida semana que nos foi concedida por erros de calendário. O jeito que dava agora...

 

Tive a sorte de voltar cedo para casa, vinda de boleia, logo, não podia estar outra coisa que não feliz. Mas este mundo é tramado, aliás, este país, pois as greves voltaram e quem sofre é o povo. Desta vez fui uma felizarda :D

 

As sextas são especiais, são boas em geral, são sinónimo de mais uns minutos na cama, de umas horas à conversa na net, de uma maior disponibilidade para os outros. Mas a vida não pára, muito menos às sextas...

publicado por Rita Matias às 11:34 | link do post | comentar

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