Dizem que o tempo tudo cura. Acho que é mais o tempo e simplesmente a capacidade de não dizer nada, de não insistir, de resistir a tentação de tentar perceber o que se passa à nossa volta, e lentamente, as coisas parecem voltar ao "normal", muito lentamente.
Mas o Mundo é que parece prestes a explodir... Para além das manifestações e conflitos em diversos países, sábado à a manif da chamada "Geração à Rasca". Não faço parte dessa geração, mas da seguinte, que provavelmente terá condições ainda bem piores mas que nada pode fazer a não ser esperar pela sua vez, porque o poder está longe de estar nas nossas mãos. E o que eu tenho a dizer sobre tudo isto? Bem, primeiro, trabalho é trabalho, e como diz o meu pai muitas vezes, o que muita gente quer é um emprego, e não um trabalho. São licenciados, estudaram anos e anos e agora de nada lhes valeu? Bem, era previsível. Há áreas que nunca conseguiram escoar o número de formados existentes, outras onde as apostas no ensino profissional teriam sido bem mais rentáveis. E de quem é a culpa? De ninguém e de todos! Dos pais que queriam os filhos todos "doutores", do ensino, que durante muitos muitos anos desprezou a aprendizagem profissional, considerada menor numa sociedade de preconceitos como ainda é a nossa, das políticas de educação, económicas e sociais, onde a abundância de subsídios mal atribuídos e os gastos exacerbados na função pública e afins, levam ao actual asfixiamento, e onde os poucos e mal formulados apoios às empresas nunca tiveram um real impacto, porque no fundo são elas que vão empregar esta classe.
O mal está no facilitismo que as gerações anteriores habituaram a esta, na noção de que só é alguém quem tem um canudo, no facto de todos quererem um emprego estável quando vivemos numa era que o mercado anseia por mais flexibilidade laboral.
Nunca me esqueço de uma aula de Inglês cujo tema era as possíveis maneiras de emprego: a tempo inteiro, part-time, à distância,... Foi nessa altura que percebi onde a nossa mentalidade pecava: impusemos a nós próprios um modelo bastante rígido, e assim, nem as empresas nem os próprios empregados, conseguem encontrar as melhores soluções para todos. E se todos pensássemos um pouco nisso?