Angústia
Angústia
(latim angustia, -ae, estreiteza, contrariedade, aflição)
Angústia
(latim angustia, -ae, estreiteza, contrariedade, aflição)
Há 8 meses que não escrevo, nem aqui, nem em nenhum lado.
Esta parte de mim, em tempos tão importante, tão crucial, anda parada.
Continuam a haver dias em que o formigueiro nasce e nos circuitos neuronais palavras se encadeiam, mas mais do que isso não. Às vezes a poesia reina nesse pedaço de realidade só meu. Outros há em que simplesmente há necessidade, mas não há palavras. Hoje foi simplesmente um ai e tal, bora lá espreitar isto - por vezes é assim que se fazem as melhores escolhas.
8 meses, catano! Já tenho 21 anos, isto esta tudo desactualizado e nem sei se alguma vez alguém verá este texto. Essa é a parte boa de apenas escrever quando o rei faz anos, não há ninguém a espera, ninguém a escutar-nos do outro lado, mas temos na mesma aquela sensação de nos abrirmos ao mundo.
Muita coisa se passou. Hoje não sou a mesma pessoa, espero que cada vez mais certa daquilo que sou e para onde vou, daqueles que nunca quero perder, daqueles que merecem tudo o que lhes possa dar, dos meus pontos fracos e fortes. Diferente, mas igual, apenas somente um pouco mais velha choné talvez.
Sabe bem escrever assim, sem sentido nem propósito, sem rumo. Escrever por escrever e apenas dizer o que me apetecer. E talvez rimar, para ficar bem e alegrar :P
Espero voltar antes dos próximos 8 meses ;)
Sirvo-me da Música como se de uma refeição se tratasse.
Tenho o cozinheiro/artista que nos traz alimento para a alma/corpo. Saboreamos, apreciamos, criticamos, repetimos até ficarmos cheios, enfardados... Chegamos a enjoar e não voltamos àquela escolha durante algum tempo. Mas no fim de contas, volta o desejo e tanto os sabores como os sons voltam a encaixar na perfeição daquele sublime momento em que tudo se resumo a desfrutar, devorar, comer, beber, ouvir tudo, sem restar uma única migalha.
Depois, os artistas/cozinheiros inventaram artimanhas para nos manterem entretidos, os chamados aperitivos. Pedaços de perdição, podeis antes dizer! Aguçam-nos os sentidos sem nos dar o pleno de um prato principal, nem o final estonteante de uma sobremesa. Ficamos parados em suspense até as cortinas abrirem para o próximo acto, como me sinto agora que ouço isto e espero até fim de Maio:
Há dias em que penso que não te conheço, que nunca te cheguei a conhecer. Dias em que me esqueço do teu rosto e da tua voz, e daquele abraço que nunca existiu mas eu conseguia sentir. Dias, em que o Mundo se sobrepôs a nós, em que deixámos as coisas andar e não quisemos perceber e encarar a verdade: não está tudo bem, não é a mesma coisa, não somos iguais ao que éramos à 3 anos atrás.
E doí, e aperta o peito imaginar que isto possa ser o princípio do fim. E doí tanto, oh se doí, pensar em todas as promessas que não chegaram a ser cumpridas.
Faz-me falta acordar com um suave bom dia, com aquela dose de força e alento matinal, faz-me falta o carinho e a preocupação, faz-me falta sentir que precisavas de mim, que eu também o teu refúgio da vida que tinhas sempre ao teu lado.
Há muito sei que não posso confiar em mim, naquilo que sinto, nos meus estranhos pressentimentos, nos meus exageros, mas é tão forte às vezes o medo que se instala, a sensação de falta de controlo, a impotência.
Saudades de ti, e daquilo que nunca chegámos a dar um ao outro.
A minha nova teoria diz que nós somos com um muro: por baixo, nos alicerces, estão aquelas pedras grandes, fortes, que são a chave para manter tudo o resto de pé. Depois, seguem-se camadas e camadas de pedras mais pequenas, mais ou menos encaixadas e heterogéneas. Resumindo, quando tiramos/nos tiram uma dessas pedras mais pequenas, os danos não são muito grandes, às vezes nem se notam, e seguimos em frente, com uma pequena quebra. Mas, no entanto, se uma dessas pedras da base sai, nem sempre todo o muro se mantém de pé.
São raras as vezes que a construção está feita de tal maneira, que a saída de uma dessas pedras de suporte, é colmatada pelas restantes.
Depois, com o tempo, perfilam-se candidatos: uns não encaixam, outros não têm tamanho suficiente, outros simplesmente não querem a função. E a falha lá continua, talvez mais pequena, talvez alguém já lá tenha deixado o seu testemunho e o buraco seja menor, mas continua.
Agora imaginem, o que seria cair outra pedra?
O pior da vida é mesmo ter de a suportar: essa criatura que nos arrasta, nos empurra, nos aconchega e maltrata.
Há pequenas coisas que simplesmente servem de gatilho para aquilo que guardamos diariamente vir a tona. E eu tenho escondido tantas, cada vez mais... E as vezes parece que tudo falta, que tudo está longe. Não há dinheiro, as pessoas à nossa volta já não são as mesmas, os risos perdem-se, e os abraços nunca aparecem. Parece que anda tudo tão desencaixado, fora dos carris, como naquele pesadelo que tive em pequena em que ia num comboio e o motorista decidia mudar de linha, como se de um carro se tratasse, e no fim, descarrilávamos e eu acordava.
E aqui, quando é que nós acordamos?
Sou demasiado dependente dos outros, ponto final.
É duro de ouvir e de saber que é verdade, mas é ainda mais difícil de mudar - mas vou conseguir.
20 anos e esta é talvez a lição que à muito sei ser verdade mas não quero encarar. Depois, há momentos em que nos sentimos na lama, em que nos lembramos de todas as bestas que nos viraram a vida do avesso, em que as odiamos e queremos abanar até ouvir alguma desculpa, alguma explicação, em que sentimos que precisamos de falar, mas os de sempre não podem e aparece alguém no nosso caminho e nos dá novas perspectivas, e tudo, volta a ter um rumo depois da tempestade.
Agora talvez consiga e ganhe aquilo que as vezes me falta, amor-próprio.
Não, não fui ao cinema e venho falar do filme, mas sim da minha relação com os carros.
Talvez por ser filha única, desde pequena que costumo acompanhar o meu pai nas suas actividades, que em grande parte envolvem carros, camiões, mecânica e afins. Para além disso, sempre andei muito de carro, sendo da praxe cá em casa uma "viagem" ao Domingo, nem que fosse a Castelo Branco, ou simplesmente ver este ou aquele terreno.
A minha mãe também conta que quando era pequena, eles chegavam a levar-me a dar uma volta para simplesmente me adormecerem. Ainda hoje é o local onde adormeço com maior facilidade. Deve ser do embalar do movimento, pois do conforto não me parece.
Também herdei do meu pai o gosto por carros, pela velocidade, pelas corridas e ralis, pelos Mercedes-Benz, etc. Filho de peixe sabe nadar.
Por tudo isto, e principalmente porque para poder ganhar alguma liberdade de movimentos e não estar sempre dependente dos meus pais ou transportes, aos 18 tirei a carta. Custou, foi difícil e com várias atribulações, e chato, muito chato, porque tive oportunidade de tudo correr as mil maravilhas e desperdicei-a no último momento, mas não vou agora entrar aqui em detalhes. Já está, já passou e ela já cá canta.
E agora, bem, é finalmente aprender a conduzir, pois isso só se aprende na estrada como se costuma dizer.
Abri há pouco um novo capítulo desta aprendizagem, um que muitas pessoas nunca chegam a ler, nem ninguém quer tocar - acidentes. Pois, é verdade, ainda nem dois anos de carta tenho e pimba, acidente. Com semáforos a mistura e tudo. Pelo menos ninguém se aleijou...
No entanto, por vezes dizer isto não serve de consolo, não quando os danos pesam e os tempos são de crise. Não quando o futuro é tão negro.
Esta é mesmo daquelas situações em que digo, penso e sinto que só queria poder voltar atrás.
Quanto à alma, não sei quantos são...
Com isto, estou velha :D mas estou feliz. Sei com quem posso contar, sei que haverá alegrias e tristezas, tempos difíceis e a alturas de puro relax, mas sei que tenho comigo pessoas capazes de me deixarem sempre com um sorriso nos lábios.
Obrigado a todos, por tudo.